segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O QUE TODOS QUEREM SABER

COMO ANDAM AS PESQUISAS EM BUSCA DA CURA DO DIABETES?

O diabetes é uma epidemia mundial. Novos casos surgem a cada dia. Mas como andam as pesquisas em busca da cura do diabetes? Para se atualizar neste assunto, a Revista Jeito de Viver entrevistou o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, PhD em Endocrinologia, Pesquisador da Equipe de Transplante de células-tronco – USP – Ribeirão Preto, Coordenador do Departamento de Novas Terapias e Biotecnologia da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Acompanhe...


Revista Jeito de Viver: Quais pesquisas estão sendo realizadas em busca da cura do diabetes?

Dr. Couri: Centros de pesquisa no mundo todo estão à procura de novas opções terapêuticas para o diabetes tipo 1 e tipo 2. Na minha opinião o termo “cura” é muito forte. Muitos pacientes me procuram no consultório querendo voltar a ter a vida que eles acham normal como ser sedentário, comer frituras, gorduras e doces em excesso. Todas as pesquisas em andamento se aliam sempre a alimentação saudável e exercícios físicos regulares. Muitos dizem que a indústria farmacêutica tenta bloquear o processo de cura do diabetes e eu discordo totalmente, pois existe um exército de pesquisadores mundo afora estudando o diabetes.
As principais pesquisas em andamento são relacionadas a melhoria da qualidade de vida dos portadores de diabetes tipo 1, mas existem também pesquisas em pacientes portadores de diabetes tipo 2.

Revista Jeito de Viver: Das pesquisas, hoje em andamento, quais se mostram mais promissoras?

Dr. Couri: Existem muitos grupos atuando em conjunto em busca de uma melhor qualidade de vida no diabetes. Felizmente nosso grupo de pesquisa da USP – Ribeirão Preto foi pioneiro no mundo no uso de células-tronco no tratamento do diabetes tipo 1 e nossas pesquisas se iniciaram no final de 2003. Com relação ao diabetes tipo 1, atualmente a pesquisa mais promissora na minha opinião é realizada por centros mundiais incluindo nosso centro em Ribeirão Preto, Chicago (Estados Unidos), Paris (França) e Sheffield (Reino Unido). Neste estudo multicêntrico internacional coordenado por nós aqui no Brasil, o paciente portador de diabetes tipo 1 sofre uma espécie de reprogramação do sistema imunológico. Resumidamente, nós desligamos o sistema imunológico do paciente com altas doses de quimioterapia e religamos este sistema imunológico com células-tronco da medula óssea do próprio paciente coletada previamente.
A maioria dos pacientes ficaram livres de insulina e quando retomaram o uso deste medicamento o fizeram em baixas doses e em apenas 1 aplicação diária. Todos estes estudos com células-tronco já são realizados em humanos. Porém, nesta pesquisa que realizamos, os voluntários devem preencher os inúmeros critérios de inclusão, sendo os iniciais idade entre 18 e 35 anos e diagnóstico de diabetes tipo 1 há menos de 5 meses. Com relação ao uso de células-tronco em humanos portadores de diabetes tipo 2, há pelo menos 4 grupos de estudo localizados na Índia, China e Argentina. Na maioria destes estudos foram incluídos pacientes portadores de diabetes tipo 2 de longa duração, já em uso de insulina. Nestes estudos foram infundidas células-tronco da medula óssea diretamente no pâncreas destes pacientes via cateterismo. A maioria dos pacientes reduziu bastante a dose diária de insulina e alguns ficaram completamente livres de insulina. Nosso grupo de pesquisa da USP – Ribeirão Preto pretende iniciar nossas pesquisas em diabetes tipo 2 ainda este ano. Outro estudo extremamente promissor é o pâncreas artificial. Este equipamento é semelhante às bombas de infusão subcutâneas de insulina que nós temos hoje, porém, o pâncreas artificial tem a capacidade de medir a glicose na pele e automaticamente infundir a quantidade correta de insulina via subcutânea. Cito ainda o desenvolvimento de uma insulina chamada Smart Insulin ou “Insulina Inteligente”. Trata-se de um polímero que é aplicado na pele de forma semelhante à insulina comum, porém este polímero é quebrado em monômeros apenas quando a glicemia se eleva. Desta forma, esta Smart Insulin somente atua quando é necessário e evita bastante os episódios de hipoglicemia e pode ser aplicada uma ou duas vezes ao dia a princípio.
Continuam em desenvolvimento estudos em humanos com a nova insulina inalada e também com a insulina oral.
Gostaria de citar também dispositivos em desenvolvimento como os medidores de glicose por infravermelho sem necessidade de perfurar a pele. Eles estão em fase II/III de estudo e podem trazer maior comodidade para as várias medições diárias de insulina.

Revista Jeito de Viver: Como podemos classificar o Brasil em comparação com outros países no que se refere ao avanço nas pesquisas pela cura do diabetes?

Dr. Couri: Conforme citei anteriormente, é com grande satisfação que digo que nosso grupo de Transplante de Células-tronco da USP – Ribeirão Preto é o primeiro no mundo a usar células-tronco em humanos diabéticos, e atualmente ainda é o grupo com maior experiência no tratamento do diabetes tipo 1 com terapia celular. Este grupo foi criado pelo grande pesquisador Prof. Júlio Voltarelli e hoje é reconhecido no mundo todo.

Revista Jeito de Viver: O senhor gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores?

Dr. Couri: Sabemos que a estrada em busca da cura do diabetes é longa, mas certamente o Brasil tem contribuído muito em busca desta meta. Estou certo de que em breve teremos mais novidades para dividir.

Entrevista retirada da Revista Jeito de Viver publicada pela ADJ. (Ano 2. Edição 03.2012)

Segue neste post mais uma entrevista do Dr. Couri, desta vez para uma emissora de televisão.



Para os que quiserem acompanhar mais de perto o trabalho do Dr. Couri, abaixo um link que leva para o Blog dele. Vale muito a pena conferir e acompanhar.
<http://www.carloseduardocouri.blogspot.com>

Deixo aqui o meu abraço a todos.

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