COMO
ANDAM AS PESQUISAS EM BUSCA DA CURA DO DIABETES?
O diabetes é uma epidemia
mundial. Novos casos surgem a cada dia. Mas como andam as pesquisas em busca da
cura do diabetes? Para se atualizar neste assunto, a Revista Jeito de Viver
entrevistou o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, PhD em Endocrinologia, Pesquisador da Equipe de Transplante de células-tronco – USP – Ribeirão Preto, Coordenador
do Departamento de Novas Terapias e Biotecnologia da Sociedade Brasileira de
Diabetes.
Acompanhe...
Revista Jeito de Viver: Quais
pesquisas estão sendo realizadas em busca da cura do diabetes?
Dr. Couri: Centros de pesquisa no
mundo todo estão à procura de novas opções terapêuticas para o diabetes tipo 1
e tipo 2. Na minha opinião o termo “cura” é muito forte. Muitos pacientes
me procuram no consultório querendo voltar a ter a vida que eles acham normal
como ser sedentário, comer frituras, gorduras e doces em excesso. Todas as
pesquisas em andamento se aliam sempre a alimentação saudável e exercícios
físicos regulares. Muitos dizem que a indústria farmacêutica tenta bloquear o
processo de cura do diabetes e eu discordo totalmente, pois existe um exército
de pesquisadores mundo afora estudando o diabetes.
As principais pesquisas em
andamento são relacionadas a melhoria da qualidade de vida dos portadores de
diabetes tipo 1, mas existem também pesquisas em pacientes portadores de
diabetes tipo 2.
Revista Jeito de Viver: Das
pesquisas, hoje em andamento, quais se mostram mais promissoras?
Dr. Couri: Existem muitos grupos
atuando em conjunto em busca de uma melhor qualidade de vida no diabetes.
Felizmente nosso grupo de pesquisa da USP – Ribeirão Preto foi pioneiro no
mundo no uso de células-tronco no tratamento do diabetes tipo 1 e nossas
pesquisas se iniciaram no final de 2003. Com relação ao diabetes tipo 1,
atualmente a pesquisa mais promissora na minha opinião é realizada por centros
mundiais incluindo nosso centro em Ribeirão Preto, Chicago (Estados Unidos),
Paris (França) e Sheffield (Reino Unido). Neste estudo multicêntrico
internacional coordenado por nós aqui no Brasil, o paciente portador de
diabetes tipo 1 sofre uma espécie de reprogramação do sistema imunológico.
Resumidamente, nós desligamos o sistema imunológico do paciente com altas doses
de quimioterapia e religamos este sistema imunológico com células-tronco da
medula óssea do próprio paciente coletada previamente.
A maioria dos pacientes ficaram
livres de insulina e quando retomaram o uso deste medicamento o fizeram em
baixas doses e em apenas 1 aplicação diária. Todos estes estudos com
células-tronco já são realizados em humanos. Porém, nesta pesquisa que
realizamos, os voluntários devem preencher os inúmeros critérios de inclusão,
sendo os iniciais idade entre 18 e 35 anos e diagnóstico de diabetes tipo 1 há
menos de 5 meses. Com relação ao uso de células-tronco em humanos portadores de
diabetes tipo 2, há pelo menos 4 grupos de estudo localizados na Índia, China e
Argentina. Na maioria destes estudos foram incluídos pacientes portadores de
diabetes tipo 2 de longa duração, já em uso de insulina. Nestes estudos foram
infundidas células-tronco da medula óssea diretamente no pâncreas destes
pacientes via cateterismo. A maioria dos pacientes reduziu bastante a dose
diária de insulina e alguns ficaram completamente livres de insulina. Nosso grupo
de pesquisa da USP – Ribeirão Preto pretende iniciar nossas pesquisas em
diabetes tipo 2 ainda este ano. Outro estudo extremamente promissor é o
pâncreas artificial. Este equipamento é semelhante às bombas de infusão
subcutâneas de insulina que nós temos hoje, porém, o pâncreas artificial tem a
capacidade de medir a glicose na pele e automaticamente infundir a quantidade
correta de insulina via subcutânea. Cito ainda o desenvolvimento de uma
insulina chamada Smart Insulin ou “Insulina Inteligente”. Trata-se de um
polímero que é aplicado na pele de forma semelhante à insulina comum, porém
este polímero é quebrado em monômeros apenas quando a glicemia se eleva. Desta forma,
esta Smart Insulin somente atua quando é necessário e evita bastante os
episódios de hipoglicemia e pode ser aplicada uma ou duas vezes ao dia a
princípio.
Continuam em desenvolvimento
estudos em humanos com a nova insulina inalada e também com a insulina oral.
Gostaria de citar também
dispositivos em desenvolvimento como os medidores de glicose por infravermelho
sem necessidade de perfurar a pele. Eles estão em fase II/III de estudo e podem
trazer maior comodidade para as várias medições diárias de insulina.
Revista Jeito de Viver: Como
podemos classificar o Brasil em comparação com outros países no que se refere
ao avanço nas pesquisas pela cura do diabetes?
Dr. Couri: Conforme citei
anteriormente, é com grande satisfação que digo que nosso grupo de Transplante
de Células-tronco da USP – Ribeirão Preto é o primeiro no mundo a usar
células-tronco em humanos diabéticos, e atualmente ainda é o grupo com maior
experiência no tratamento do diabetes tipo 1 com terapia celular. Este grupo
foi criado pelo grande pesquisador Prof. Júlio Voltarelli e hoje é reconhecido
no mundo todo.
Revista Jeito de Viver: O senhor
gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores?
Dr. Couri: Sabemos que a estrada
em busca da cura do diabetes é longa, mas certamente o Brasil tem contribuído
muito em busca desta meta. Estou certo de que em breve teremos mais novidades
para dividir.
Entrevista retirada da Revista Jeito de Viver publicada pela ADJ. (Ano 2. Edição 03.2012)
Segue neste post mais uma entrevista do Dr. Couri, desta vez para uma emissora de televisão.
Para os que quiserem acompanhar mais de perto o trabalho do Dr. Couri, abaixo um link que leva para o Blog dele. Vale muito a pena conferir e acompanhar.
<http://www.carloseduardocouri.blogspot.com>
Deixo aqui o meu abraço a todos.
Para os que quiserem acompanhar mais de perto o trabalho do Dr. Couri, abaixo um link que leva para o Blog dele. Vale muito a pena conferir e acompanhar.
<http://www.carloseduardocouri.blogspot.com>
Deixo aqui o meu abraço a todos.
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